A lei dos mínimos e o desafio do máximo

por Luciano Vacari

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Um dos primeiros conceitos ensinado nos cursos de Ciências Agrárias é a “Lei dos Mínimos”. Para uma planta crescer corretamente, ela tem que ter as necessidades mínimas de nutrientes atendidas. Isto é, não adianta ela ser excessivamente adubada com nitrogênio, se há falta de potássio. Sem a presença de todos os nutrientes, mesmo que alguns estejam disponíveis, a planta não se desenvolve.

Nesse sentido, no Brasil há dois gargalos a serem superados. Um, em nível nacional, e outro, especificamente, na propriedade rural. Vamos começar falando da questão do micro. Os agricultores brasileiros, especialmente aqueles que possuem áreas de produção médias ou grandes, já realizam a análise de solo e com base nos resultados fazem as aplicações, adubações e correções. Processos que podem ser diferentes para cada talhão e para cada cultura.

Adotar essas tecnologias é um dos pilares mais essenciais para melhorar a performance da produção e, consequentemente, a rentabilidade no setor. Mas, adubar ou corrigir o solo, sem ter o embasamento da análise técnica, pode ser um desperdício de dinheiro.

Porém, na pecuária, adubação e correção de solo ainda não são uma realidade. Ou seja, a área ocupada hoje pela agricultura, que representa apenas 9% do território brasileiro, tem a tecnologia como recurso para atingir o melhor desempenho da produção. Já na área de pastagens, ou 21% da área total de produção no país, não há investimentos adequados para ampliar a qualidade do solo. São poucos os pecuaristas que fazem análise e, principalmente, a adubação correta.

Pecuaristas, referências na adoção de tecnologia, costumam mencionar que quando o solo ocupado pelas pastagens é “cuidado” assim como na área da agricultura, a competitividade da produção de bezerros, boi magro e de boi gordo é muito alta. Quando eles mencionam a questão da competitividade, então, o recado é claro: a pecuária pode ser tão ou mais lucrativa que a agricultura. A base, é a “Lei dos Mínimos”: cuidar e manejar adequadamente o solo.

Em um nível macro, um dos desafios que o Brasil enfrenta é a dependência do NPK (Nitrogênio, Fósforo e Potássio). Especialmente, o potássio que tem poucos fornecedores globais faz com que o produtor brasileiro seja refém do mineral importado da Rússia. O mesmo acontece com o fósforo, mas há outros grandes produtores, como o Marrocos. No caso do Nitrogênio, a produção de ureia é mais bem distribuída, no entanto, cerca de 90% do nitrato de amônia também é de origem russa.

A situação atual é delicada. Mesmo os produtores que realizam o manejo adequado do solo, em função dos preços altíssimos, não estão antecipando a compra de fertilizantes. Um risco, não apenas para a produção nacional, mas também para as finanças do agricultor.

É fundamental a adoção de tecnologias na propriedade rural com estratégias bem consolidadas para reduzir a dependência de fertilizantes. A Fixação Biológica de Nitrogênio, um bioinsumo essencial para o agro brasileiro, é um exemplo disso. Mais do que nunca, as novas tecnologias neste segmento se fazem urgente. E a regulamentação é fundamental .

O Brasil precisa de mais nutrientes. Esse é o desafio do “máximo”.

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