O Brasil é hoje o maior produtor de alimentos, fibras e energia do mundo, e chegamos a este posto graças ao nosso clima, relevo, engajamento do setor produtivo, mas também graças a muita pesquisa e tecnologia. Surpreendemos o mundo em descobertas que revolucionaram a produção de alimentos no planeta, como por exemplo produzir de maneira eficiente, produtiva e competitiva no cerrado. Outra descoberta de cair o queixo foi a exploração de petróleo em grandes profundidades, o pré-sal.
De lá para cá o avanço tecnológico se tornou o grande aliado do produtor brasileiro, para se ter uma ideia, de 1975 até o ano 2000 a produtividade brasileira teve um aumento de 400% segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Mas infelizmente a tecnologia que nos trouxe até aqui não será capaz de nos levar adiante por muito mais tempo.
Estamos vivendo uma nova fase na produção agrícola mundial. Um bom exemplo disso é a constante e cada vez maior discussão sobre o uso dos combustíveis fósseis. O tema descarbonização chegou com uma força e legitimidade trazida de onde menos se esperava, veio do consumidor.
Ano após ano os consumidores têm deixado claro suas preferências em relação ao consumo de alimentos e até bens duráveis como automóveis mais sustentáveis. E boa parte deles, estão dispostos a pagar por isso. E aí começa outro problema, o da insegurança jurídica.
O pagamento por créditos de carbono requer um modelo nacional, feito para a agricultura e para a indústria dos trópicos, não esse modelo viciado feito para atender os interesses da União Europeia. É preciso reconhecer as boas práticas da produção agrícola nacional, e remunerar os produtores por isso, afinal o agro brasileiro é o único setor do mundo capaz de gerar créditos para compensar os setores que são deficitários.
Mas definitivamente a maior contribuição brasileira para a descarbonização talvez venha do setor dos combustíveis. Já temos o etanol cada vez mais presente no dia a dia da população, inclusive com uma participação que pode chegar em 2030 a 35% do volume total.
E o biodiesel? Esse será o novo pré-sal brasileiro!
Na última semana a Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei nº 528/2020, chamado de PL do combustível do futuro, o texto do Deputado Federal Arnaldo Jardim (Cidadania-SP) traz entre outras coisas o aumento na mistura do biodiesel ao diesel que hoje é de 14% para até 20% em 2030.
É um verdadeiro ganha-ganha, afinal o biodiesel pode ser produzido a partir da soja, milho, girassol, amendoim, algodão, canola, mamona, babaçu, palma e macaúba, entre outras oleaginosas existentes no país. Sem falar de óleos residuais e gorduras animais.
Seria um grande incentivo à tão sonhada verticalização da produção de proteína vegetal e animal do Brasil, afinal ainda exportamos muita soja e milho em grão para alimentar bovinos, suínos e aves mundo afora. Com a utilização dos produtos a base de soja para a produção de biodiesel, teríamos mais farelo de soja para ração animal disponível em nosso mercado interno, agregando valor a nossa produção e tornando o custo da engorda mais barato.
Com a segurança jurídica para se produzir, o Brasil será muito em breve modelo na utilização e produção de combustíveis verdes, agregando ainda mais valor à produção sustentável nacional e gerando mais empregos, mais renda e mais qualidade de vida.