O mercado está para peixe

por Luciano Vacari

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Ano passado, a receita proveniente das exportações de peixes e pescados aumentou 78% e o volume de produto enviado para outros países foi 49% superior ao registrado em 2020. O bom desempenho do setor também pode ser verificado no mercado nacional, onde ano após ano a produção e comercialização vem crescendo continuamente e em oito anos a alta acumulada é de 45%.

Ao todo, 850 mil toneladas de pescados foram produzidas no país em 2021, sendo que 63% são referentes à produção de tilápia e 31% são peixes nativos, com destaque nesta categoria para o tambaqui. Distribuído de norte a sul do país, o setor de pescados é uma grande aposta tanto por parte de produtores quanto das indústrias, que vislumbram atingir um mercado consumidor ainda pouco explorado.

Para se ter ideia, a média de consumo de peixes por brasileiro está na média 5 kg por ano, o que representa apenas 5% da média nacional de consumo de carnes – bovina, suína e aves – por habitante, que em 2020 foi de 91 quilos ao ano.

Isso só falando em mercado local, porque mesmo com uma alta de 78% nas exportações, a participação dos pescados na balança comercial brasileira ainda é muito tímida. Ano passado, o setor enviou o equivalente US$ 20 milhões, o representa menos de 1% da movimentação das exportações de produtos do agronegócio, que em 2021 foi de US$ 9,9 bilhões.

O potencial mercado de peixes e pescados passa por questões de saúde, uma vez que é considerada uma proteína mais saudável e leve. Por aspectos econômicos, já que o aumento da oferta deve reduzir custos e assim chegar a mais pessoas. Há ainda a relevância social que esta cadeia produtiva possui, sendo uma excelente oportunidade para produtores de pequeno e médio porte. O capital de investimento e as áreas de produção são considerados relativamente baixos.

Mas alguns pontos ainda precisam de atenção, como licenciamento ambiental. O poder público precisa desburocratizar alguns trâmites para dar mais agilidade e reduzir os custos para liberação dos projetos. Sem falar da carência de profissionais para dar suporte técnico na confecção dos documentos exigidos e adequações sanitárias e ambientais.

Outro ponto que também merece atenção é com relação à capacitação de produtores e mão-de-obra. Muitas iniciativas para qualificação de pessoas e introdução de tecnologias nos sistemas de produção partem da própria iniciativa privada, seja por meio das indústrias que compram os pescados ou de organizações como Sebrae e cooperativas.

E para dar vazão à produção tem que se investir em marketing. Apresentar ao consumidor final a qualidade da produção nacional, os benefícios que a proteína possui e desvincular o consumo de peixes de costumes culturais e religiosos.

O peixe não precisa ser “santo” para chegar à mesa, o que precisa é qualidade, padronização e constância. Consumidores e produtores agradecem.

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