O abril vermelho

por Luciano Vacari

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*Por Luciano Vacari

O Brasil definitivamente precisa ser estudado! Ou em algum outro lugar do planeta alguém faria uma ameaça clara contra a ordem pública e sairia ileso ou melhor, ou seria pior, confesso que não sei, ainda seria convidado para acompanhar uma comitiva das mais importantes? Parece surreal, mas aconteceu esta semana aqui no Brasil.

Tradicionalmente o mês de abril é chamado pelos movimentos sociais ligados à terra como “abril vermelho”, em alusão à uma série de coisas legítimas como preferência política, como marco ao massacre de Carajás ou como o mês da luta pela reforma agrária. O principal movimento ligado à essa pauta por exemplo foi criado há quase 40 anos, isso mesmo, são 4 décadas de luta, literalmente, com muita ameaça, muita destruição e muito conflito, inclusive armado.

Se organizar em grupo, criar movimentos, definir pautas, estratégias e ações são legítimas. Temos inúmeros casos de sucesso aqui no Brasil, e isso é muito bom para o Brasil, afinal é a mais pura expressão da democracia. Mas violência de qualquer tipo não é legítimo. Violência é inaceitável!

Onde foi parar o diálogo? O contraditório? Onde perdemos a capacidade de discutir, civilizadamente os diferentes pontos de vista. Onde foi parar a boa política? Não podemos admitir ou achar normal que alguém se dirija publicamente fazendo ameaças e insuflando o cidadão ou o militante para cometar um crime, neste caso a invasão de terras.

O fato é que a fala desse cidadão gerou reações imediatas e de todos os lados.

A sede regional do INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária em Maceió foi invadida por militantes ligados ao movimento de reforma agrária. Quase que imediatamente, representantes de entidades ligadas à produtores rurais procuraram o caminho judicial tentando resguardar o direito à propriedade e imputando criminalmente responsabilidade ao autor das ameaças.

Não podemos continuar assim. É preciso definitivamente promover a justiça social neste país.

Mas não podemos permitir o afronte diário contra quem produz no Brasil. O direito à propriedade precisa ser respeitado. A segurança jurídica precisa estar presente todos os dias e em todos os lados.

É inaceitável o incentivo à desordem. Mais inadmissível ainda é a omissão das autoridades, afinal a lei foi feita para todos não? Essa é a triste realidade do maior produtor de alimentos do planeta, o celeiro do mundo, a terra de ninguém.

Vai chover? Vou colher o suficiente? Os preços serão bons? Essas perguntas são feitas diariamente por cada produtor rural deste país, mas por incrível que pareça a partir desta semana ele terá que se fazer mais uma pergunta. Será que vou ter minha terra invadida?

Afinal, precisamos ou não ser estudados?

*Luciano Vacari é gestor de agronegócios e diretor da Neo Agro Consultoria

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