A importância das exportações para produção agropecuária brasileira é indiscutível. O mercado internacional é fundamental para o nosso país, gerando receita empregos e renda. A exportação não pode e não deve ser vista como vilã dos preços dos alimentos, que estão mais caros por outras questões relacionadas à economia e não ao comércio exterior.
O Boletim Focus do Banco Central fechou janeiro com a pior perspectiva para a inflação dos últimos 13 meses, a inflação prevista para 2022 é de 6,99% para o IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado). No início de 2021, a projeção para 2022 era de 4%. No ano passado, a inflação acumulada para o IGP-M foi de 17,78%.
Já para o IPCA (Índice de Preço ao Consumidor Ampliado), que engloba uma cesta maior de produtos inclusive do varejo, a perspectiva para 2022 é de 5,38% e encerrou o ano de 2021 a 9,99%. Só para fazer uma comparação, o salário-mínimo este ano foi reajustado em 10,18%, o que significa que hoje, com o mesmo salário, o consumidor tem um menor poder de compra.
Agora, voltando para as exportações, com relação à carne bovina, por exemplo, ela não representa nem 30% da produção nacional e foi responsável pela movimentação, em 2021, de aproximadamente US$ 8 bilhões em receita. Isso sem contar os empregos diretos e indiretos, investimentos em melhoramentos e capacitação e toda gama de benefícios que o comércio internacional traz.
E o ano de 2022 começa muito bom para o mercado da carne, Estados Unidos e Egito, por exemplo, aumentaram a participação nas compras da carne brasileira. Somando com o retorno da China, importante parceiro comercial brasileiro, janeiro registrou uma alta de 30% em volume de carne exportado e de 50% com relação à receita gerada.
O Brasil precisa trabalhar para manter as parcerias existentes e diversificar e ampliar cada vez mais mercados, até para evitar dependências e colocar nossos produtos em países que compram tanto em volume quanto em qualidade também, agregando valor à nossa produção.
Os problemas do Brasil estão longe das exportações, muito longe. Eles passam pela falta de infraestrutura, de energia elétrica, alta carga tributária, fatores que elevam custo de produção e repelem os investidores.
E ainda tem a influência da inflação que derivada de diversos fatores que vão se somando, por exemplo, por dificuldades no frete, aumento do preço de combustíveis, aumento do preço de energia e isso acaba elevando ainda mais os custos de produção e aumentando o preço dos alimentos.
Agora, imagina tudo isso, sem a receita e renda gerada pela produção agropecuária brasileira? A crise provocada pela pandemia, o índice de desemprego e a consequente desigualdade social seria ainda muito mais acentuada.
Luciano Vacari é gestor de agronegócios e diretor da Neo Agro Consultoria e Comunicação