O Brasil atingiu, pela segunda vez na história, a movimentação de US$ 100 bilhões com a exportação de produtos do agronegócio brasileiro. O montante já representa a metade de toda a exportação da Balança Comercial brasileira, precisamente 48%, e mais uma vez se consolida como a grande mola propulsora de nossa economia, principalmente nos momentos de crise.
Mesmo que existam críticas à nossa dependência econômica do agronegócio, é inegável que alimento e energia são insumos essenciais à vida humana e por isso mesmo nunca deixam de ser consumidos. Produzir alimentos e combustíveis energéticos é uma garantia de abastecimento para o mundo e de renda para a população interna.
Mas nem por isso precisamos estar atrelados a modelos primários de produção. Pelo contrário, o agronegócio brasileiro só chegou aonde chegou porque existe muito investimento em pesquisa. Desde o conhecimento técnico produzido nas faculdades e nas empresas públicas de assistência técnica, até o desenvolvimento político e tecnológico das associações de produtores e o aporte das grandes empresas em inovação foram e continuam sendo fundamentais para alcançar os índices produtivos atuais.
Claro que a transformação é constante e neste cenário também há espaço para erros, revisões e adequações, sejam tecnológicas ou legais. E estar aberto para discussões também é uma característica do agronegócio. Veja no cenário político nacional, por exemplo, a bancada agropecuária é a maior e a mais organizada do Congresso Nacional, apta a participar de todas as discussões relevantes de nosso país e essencial para o equilíbrio, social, econômico e ambiental. Isso é fruto da habilidade do setor produtivo em identificar espaços de debates e formar lideranças representativas.
Outro exemplo vem das universidades e centro de pesquisas. A Embrapa é uma das principais empresas públicas brasileira, presente em todas as regiões e grande desenvolvedora de estudos e tecnologias que permitiram o setor chegar até aqui. É de lá que surgem muitas pesquisas sobre mudanças climáticas, defesa agropecuária, insumos agrícolas, integração produtiva, irrigação, entre outras tantas pautas que vêm sendo desenvolvidas para que o produtor consiga melhorar produtividade, reduzir os impactos ambientais e assim aumentar a renda.
Investir em outros meios de produção e estimular a diversificação da economia é importante, mais do que isso, é essencial. Porém não podemos ignorar o que está sendo feito no campo. Não cabe mais o complexo de patinho feio, o agro hoje o movimenta a indústria, o comércio, a pesquisa.
A revolução tecnológica brasileira está acontecendo e integra o campo e a cidade, proporcionando a produção de alimentos, a industrialização das commodities, a exportação de produtos e a geração de riquezas.
Luciano Vacari é gestor de agronegócios e diretor da NeoAgro Consultoria.