*Por Luciano Vacari
A Páscoa é uma data emblemática. Ela surgiu no Conselho de Nicéia no ano de 325, e representa através da marcação temporal a ressurreição de Jesus Cristo. São inúmeros os sinais, ritos e processos litúrgicos que tornam o período pascoal um tempo de reflexão, fazendo a celebração do retorno do Filho do Rei como a data mais importante no calendário cristão.
O final da Quaresma por exemplo, é chamado de Semana Santa, e traz com ele temas fundamentais como oração, jejum, penitência e abstinência à carne vermelha. É a materialização da fé e a certeza da concretização das palavras Dele, e o peixe se torna Santo.
Por falar em peixe, o Brasil está entre os 15 maiores produtores do mundo. Somos o 4º maior produtor de tilápia, movimentamos 9 bilhões de reais e geramos 2 milhões de empregos. De grandes projetos à pequenos tanques de produção a atividade está presente em praticamente todo o país trazendo renda e desenvolvimento.
Muita pesquisa foi feita, desde o melhoramento genético em matrizes até o desenvolvimento de rações com maior durabilidade e poder nutritivo. Mas ainda estamos muito longe dos grandes. Produzimos pouco menos de 900 mil toneladas/ano, enquanto a China produz 42 milhões. Quanta diferença não?
Nos últimos dias vimos uma verdadeira corrida pelo peixe. São filas e mais filas nos supermercados motivados principalmente pelo costume de consumir a proteína durante a Semana Santa. Mas deixando a crença de lado, o consumo está cada vez maior.
O setor cresce 5% ao ano, maior que muitos setores tradicionais da economia nacional. Saímos de uma produção em 2014 de 570 mil toneladas para 860 mil toneladas em 2022. O consumo também aumenta ano após ano, e hoje é de 9,5 kg/hab/ano.
Todas as fontes de proteína animal tiveram aumento de produção, e não foi diferente com aves, suínos, ovos e carne bovina, mas será que esse movimento efetivamente se converteu em aumento de consumo interno? No caso de aves, peixes, suínos e ovos sim.
O ponto negativo fica por conta da carne bovina. Em 1996 o brasileiro consumia 40 kg/hab/ano, e terminamos 2022 com um consumo per capita de 24 kg. E o que parece ruim, na verdade é muito pior. Se todas as outras proteínas tiveram sua demanda aumentada, significa que o brasileiro fez uma escolha clara, comer menos carne bovina.
Afinal o que está acontecendo?
É fato que a renda está comprometida no Brasil, e optar por outras fontes mais em conta é um processo natural, mas não podemos atribuir toda essa queda somente ao preço da proteína. Hoje se encontra aves, peixes, ovos e suínos em qualquer ponto de venda do país com uma qualidade enorme. As empresas se modernizaram e passaram a oferecer seus produtos de maneira prática, padronizada e em algumas vezes até pronta.
No final do dia quem ganha é o consumidor, comendo o que ele quer, da maneira que ele quer, e principalmente, pagando o que ele acha justo pagar pela mercadoria.
Viva o consumidor, e feliz Páscoa.
*Luciano Vacari é gestor de agronegócios e diretor da Neo Agro Consultoria