De olho na grama no vizinho

por Luciano Vacari

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A agropecuária brasileira vem passando por uma série de transformações nos últimos anos. Uma quantidade enorme de tecnologia foi incorporada à atividade que conseguiu aumentar a produtividade por área e qualidade da carne e do leite que chegam às mesas dos consumidores. Mas se tem um problema que há anos atinge a atividade, compromete a renda do produtor e ainda provoca desequilíbrio ambiental é a degradação da pastagem.

Nos últimos 15 anos, a produção agropecuária brasileira passou por uma verdadeira revolução. Os campos estão cada vez mais produtivas e a rentabilidade dos negócios estão empurrando as lavouras para as áreas de pastagem, o que não é ruim. Pelo contrário, com a chegada da agricultura, o pecuarista consegue ampliar sua renda e, ao mesmo tempo, melhorar a qualidade dos pastos.

Mas ainda existe uma grande parcela que não consegue fazer investimento para melhorar os pastos. No Brasil mais de 50% das áreas de pastagens possuem um considerável nível de degradação, o que traz impacto direto para a produtividade. Segundo o projeto MapBiomas, do total das pastagens brasileiras em 2020, 38% apresentavam uma degradação intermediária e 14,3% uma degradação severa, isso representa uma área de mais de 79 milhões de hectares que estão prejudicadas por diversos fatores.

Em números atualizados de 2021, segundo o LAPIG/UFG, o Brasil conta com 151 milhões de hectares de áreas de pastagens. Mato Grosso, que possui o maior rebanho comercial do país, tem mais de 20 milhões de hectares. Entre os anos de 2006 e 2008, as áreas de pastagem no Brasil e em Mato Grosso atingiram o ápice, mas de lá para cá, houve uma redução na área total, isso sem que houvesse queda de produção.

O crescimento da tecnologia voltada para o agro está vinculado ao nascimento do agro 4.0, que em resumo é a adoção de práticas e medidas de produção alinhadas com pesquisa e tecnologia que buscam  mapear, automatizar e dar suporte ao produtor para tomar as suas decisões com bases em dados e sistemas computacionais. Essas práticas aplicadas a realidade atual, podem vir a servir como uma solução para os problemas novos e antigos, como é caso das pastagens degradadas. Atualmente já é possível, por meio de dados, estatísticos e modelos de cálculo, indicar as melhores práticas e soluções para a recuperação de pastagens, acompanhar a evolução do pasto, direcionar o manejo.

Além de melhorar os resultados porteira a dentro, a recuperação dos pastos também é uma aposta para solucionar alguns entraves ambientais. Ao reformar um pasto, as emissões daquele área diminui, é possível aumentar a taxa de lotação, ou seja, número de animais por hectare, e ainda ceder áreas para agricultura.

Não é à toa que os planos de governos, nacionais e internacionais, estão de olho neste passivo com grande potencial econômico, ambiental e social. Recuperar pastagem é mais do que uma alternativa, é uma solução. Estão todos de olho na grama verde do Brasil.

*Luciano Vacari é gestor de agronegócios e diretor da Neo Agro Consultoria & Comunicação

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