Foram dois anos sem eventos físicos. Sem contar as incontáveis perdas sociais, os prejuízos provocados pela pandemia foram inúmeros. Tecnologias que não chegaram ao público-alvo, investidores afastados, dinheiro que deixou de circular, empresas fechando. Mas em relação aos eventos, nada supera a falta do contato pessoal, o tête-à-tête, a troca de cartões, o networking. Desenvolvimento e conhecimento que só a interação social permite no mundo dos negócios. E no agro não é diferente.
A volta das grandes feiras agrotecnológicas já movimentou bilhões de reais nesses últimos quatro meses e as expectativas são ainda mais positivas. Analisando os números, surpreende a movimentação de pessoas e de dinheiro. O Show Safra 2022, realizado no município de Lucas do Rio Verde (MT) gerou R$ 8,5 bilhões em negócios, segundo seus organizadores. Assim como a maioria dos grandes eventos, o Show Safra ficou suspenso por dois anos e voltou batendo recorde de público e negócios.
Indo para Goiás, um dos principais eventos é Tecno Show Comigo, realizado por uma das maiores cooperativas do agronegócio brasileiro. O evento bateu a casa dos R$ 10 bilhões em negócios, quase o triplo dos valores negociados na última edição, em 2019. Não podemos deixar de considerar, é claro, os efeitos da inflação sobre os insumos e máquinas e a valorização das principais commodities. Se em abril de 2019 a saca de soja estava cotada a R$ 76,93 no porto de Paranaguá, segundo o Cepea, na mesma data deste ano a saca custava R$ 178,54, alta de 132%.
Mas voltando para as feiras, esta semana, em Sinop (MT), aconteceu a Norte Show, realizada pela Associação dos Criadores do Norte de Mato Grosso (Acrinorte) e que contou com variada programação técnica, nas áreas de economia, política, agricultura e pecuária.
Ainda em abril, a partir do dia 25, a 27ª Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação, Agrishow, vai receber produtores de todos os cantos no interior de São Paula, na cidade de Ribeirão Preto. O evento é uma referência no agribusiness mundial, reconhecido como grande centro de lançamento de tecnologias e tendências. Multinacionais, bancos, montadoras e o poder público se encontram para levar soluções para os produtores.
Nos últimos anos, os organizadores deixaram de lado os leilões, shows musicais e brinquedos e decidiram investir na programação técnica, tornando as feiras em verdadeiros hubs de tecnologias e negócios. O poder público também identificou ali um espaço para se aproximar do campo, ver as necessidades, colher informações e apresentar os serviços disponíveis, seja por meio de crédito, assistência técnica ou fomento ao desenvolvimento de inovação.
O resultado? As principais regiões produtoras de grãos, fibras e energia do país têm em comum grandes feiras de negócios à disposição dos produtores e dos envolvidos na cadeia de valor. Incrível não?
A indústria de eventos teve que se reinventar para promover eventos virtuais. Assim como as empresas e revendas. Mas a verdade é que todos não viam a hora de montar seus stands, e principalmente, estar perto de seus clientes.
E quando falo estar perto, é ao vivo, mas não nas lives, e sim de corpo presente.
*Luciano Vacari é gestor de agronegócios e diretor da Neo Agro Consultoria & Comunicação