Estudo realizado pela Neo Agro Consultoria, baseado nos dados sobre produção, área plantada e cultivada e produtividade, aponta que a produtividade das lavouras brasileiras triplicou nos últimos 45 anos e isso evitou a abertura de 138 milhões de hectares para agricultura. O chamado efeito poupa terra é uma medida adotada para analisar como os ganhos de produtividade reduzem a pressão para abertura de novas áreas de vegetação nativa, ao mesmo tempo que asseguram a produção de alimentos em escalas cada vez maiores. Em 1976 o Brasil produzia 46,9 milhões de toneladas de grãos em 37,31 milhões de hectares, 1.258 quilos por hectare. Para esta safra a previsão é de que sejam colhidas 257 milhões de toneladas em 65,9 milhões de hectares, 3.790 quilos por hectare, de acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
O estudo realizado pela Neo Agro Consultoria analisa o efeito poupa terra a partir de três recortes temporais. O primeiro compara o início da série histórica, em 1976, com a atual safra. A segunda análise registra a evolução da produtividade e consequentemente a redução de abertura de novas áreas nos últimos 21 anos.
De 2000 para cá, a produção das lavouras brasileiras passou de 100 milhões de toneladas/safra para 257 milhões de toneladas/safra. Neste mesmo intervalo, a área plantada passou de 37 milhões de hectares para 68,8 milhões. Uma diferença importante a ser destacada com relação à área neste recorte, segundo o diretor da Neo Agro Consultoria, Luciano Vacari, é entre área ocupada e área cultivada.
“Nas últimas duas décadas houve um crescimento significativo no cultivo de segunda safra, o que permitiu aumentar a área plantada sem aumentar a área ocupada. Em alguns locais já é possível fazer a terceira safra. Ou seja, a mesma área é plantada três vezes no ano”.
A afirmação de Vacari fica mais clara ao analisar os dados da produção de milho, por exemplo. Em 2000, 80% da safra de milho era cultivada em primeira safra e 20% na safrinha. Para a safra 2020/2021 a proporção é exatamente a inversa, 20% na primeira e 75% na segunda, isso porque há estimativa de que aproximadamente 5% sejam cultivados em terceira safra. Lembrando que na terceira safra a irrigação é uma tecnologia fundamental, onde o potencial de crescimento no Brasil é expressivo.
No último comparativo realizado pela Neo Agro, entre a safra 2011/2012, anos em que o Código Florestal passou a vigorar no país, e a de 2021 houve uma “economia” de abertura de 11,05 milhões de hectares. Há dez anos a produtividade no país era de 3.266 quilos por hectare e atualmente é de 3.790 kg/ha.
O agricultor – Para Luciano Vacari é fundamental destacar o papel dos produtores rurais no desenvolvimento de uma produção mais sustentável no país. Nestes últimos anos, o investimento em tecnologias viabilizou aumentar a produtividade, diversificar as culturas, reduzir o desmatamento para finalidades agrícolas e reduzir os custos dos brasileiros com a alimentação.
“Há 40 anos atrás o Brasil importava alimentos e a população gastava mais de 30% da renda para com alimentação. Hoje somos um dos maiores exportadores de alimentos e o custo das famílias brasileiras com comida passou para 15% de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)”, explica Vacari.
De acordo com o consultor, além da coragem dos produtores em investir em tecnologias, também é importante destacar o papel das políticas públicas para fomentar a agropecuária brasileira, com estudos, pesquisas, linhas de créditos e apoio técnico. “Não podemos dizer que todos têm acesso ao pacote tecnológico, mas houve uma ampliação com estruturação de institutos como a Embrapa e a criação de entidades como o Senar e associações de produtores”.
O chamado pacote tecnológico, segundo Vacari, inclui desde os cursos de capacitação para manejo das lavouras até a chamada agricultura de precisão, que por meio de softwares programam as máquinas agrícolas para evitar perdas e melhorar os ganhos produtivos. “Há também técnicas como a integração lavoura-pecuária- floresta e a agricultura irrigada que estão trazendo mais eficiência, tornando o solo mais produtivo e otimizando a utilização dos recursos naturais”.