Segunda com macroeconomia

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INFLAÇÃO EM ALTA – O Boletim Focus do Banco Central do Brasil fechou janeiro com a pior perspectiva para a inflação para o ano de 2022 dos últimos 13 meses. A expectativa esperada para 2022 é de uma inflação a 6,99%, para o IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado). No início de 2021, a projeção de inflação para 2022 era de 4%. No ano passado, a inflação acumulada para o IGP-M foi de 17,78%.

Já para o IPCA, a perspectiva para 2022 é de 5,38% e encerrou o ano de 2021 a 9,99%. A diferença entre os dois índices, IGP-M e IPCA é que o IGP-M é um índice mais relacionado ao produtor ou como conhecido como a inflação do aluguel. É composto por consumo, produção e construção civil.

O IPCA é uma cesta de diversos produtos e serviços do varejo, sendo mais ligado a esse último setor. Entre as diferenças metodológicas, ambos apontam para a mesma tendência: preços em alta.

O Brasil, assim como outros países da América Latina, viveu períodos históricos onde a inflação alcançava mais de dois dígitos. Anteriormente ao Plano Real, o Brasil sofreu principalmente durante a década de 80, com a hiperinflação, não atoa a década de 80 é chamada de década perdida pois devido a esse fenômeno econômico o país se afundava economicamente.

A hiperinflação causava uma total bagunça na formação de preços e na produção, já que não se sabia o quanto a moeda brasileira valia de um dia para outro. Para quem viveu naquela época, certamente se lembra de que se existia até mesmo racionamento na venda de produtos e existia um grande desabastecimento de produtos dentro das prateleiras de supermercados.

Era impossível prever, por exemplo, o preço do arroz nos próximos 30 dias. A estabilização da moeda feita pelo plano real, em meados da década de 90, foi histórica para o desenvolvimento do Brasil.

Com o plano real, a moeda brasileira se tornou estável e acabou com o dragão da hiperinflação, algo que pode ser considerado um dos maiores programas sociais da história do Brasil. É importante enfatizar que a inflação atinge principalmente os mais pobres e com isso o plano que trouxe estabilização econômica também auxiliou na redução do desemprego e pobreza que o País sofria devido a instabilidades e crises econômicas.

Como apresentado na Figura 1, desde a estabilização monetária, o IPCA oscila entre 2% a 12%, uma amplitude de dez pontos percentuais. O resultado consolidado em 2021 foi o terceiro maior da série histórica. A perspectiva até o momento é de uma inflação inferior em 2022, mas esse será, sem dúvida, um dos maiores desafios da política econômica.

Figura 1: Fonte: IBGE – Elaborado pela NeoAgro Consultoria

O que isso significa na prática – Inflação em alta significa corrosão do poder de compra do consumidor. Por exemplo, em 2021, o IGP-M fechou o ano a 17,78%, houve ajuste do salário-mínimo para +10,18% em 2022. De fato, isso significa que hoje, com o mesmo salário, o consumidor tem um menor poder de compra.         

Além disso, a inflação em alta significa um aumento geral dos preços de diversos produtos e setores, significando uma desvalorização da moeda pois reduz o poder de compra dos indivíduos, em resumo R$ 100 hoje coloca menos produtos no seu carrinho de supermercado do que no ano passado.

Para 2022, o cenário deve ser, tal como o câmbio já analisado pelo NeoAgro, de maior volatilidade, em especial devido à algumas decisões políticas que tem resultado em incerteza para os investidores, como foi por exemplo quando se teve o furo do teto de gastos em outubro/novembro de 2021, causando uma forte volatilidade e elevação na cotação do dólar.

Dentro desse cenário macroeconômico também se tem os recentes aumentos na taxa de juros brasileira e que também deve continuar a subir devido ao ainda alto índice de inflação e do dólar. Vale observar também a taxa de juros americana, que continua entre 0 e 0,25%, porém com possíveis previsões de aumento para março. O aumento na taxa de juros do país faz com que ele “atraia” mais dinheiro pois remunera mais quem empresta dinheiro a ele e acaba movimentando o mercado de câmbio. Dessa forma os investidores e exportadores devem sempre ficarem atentos as políticas monetárias, sobretudo nesse ano no Brasil o qual é um ano eleitoral.

Como isso afeta agropecuária? – A agropecuária, assim como os demais setores produtivos, está também sob influência dos efeitos da economia e principalmente sofre com a inflação. Como dito anteriormente, a inflação é a perda do poder de compra da moeda, dessa forma o impacto dela no agronegócio atinge por elevar os custos de produção e que dificultar o repasse desse aumento no preço final, reduzindo a sua margem de lucro e fazendo com que aumente os gastos para produzir a mesma quantidade ou até mesmo menos.

A taxa de juros é a mãe de todos os mercados, é ela que condiciona diversos cenários e movimentos, dessa forma qualquer alteração tanto na taxa de juros quando nos juros futuros incidem sobre outros ativos, mas principalmente sobre o câmbio.

No caso o dólar que é fundamental para o agronegócio já que além do agro exportar seus produtos em dólar, ele também importa seus insumos, assim essa movimentação da moeda acaba por influenciar e pressionar as margens e os preços dos produtores. Assim grandes volatilidades no câmbio aumentam os riscos para o produtor, já que quando ele importa os seus insumos para plantar, paga uma cotação que não sabe se vai ser a mesma a qual vai vender a sua produção no final da safra. Em 2020 e 2021 durante a pandemia se teve um grande aumento da inflação no Brasil e ela ocorreu por diversos fatores. Em 2020/21 ocorreu a quebra de safra no milho, o que impactou demais no preço do grão e inclusive influenciou

a carne já que também elevou os custos de ração animal. Mais recentemente a alta da inflação também foi influenciada por questões hídricas no setor elétrico, mais especificamente devido a falta de chuvas. 

Também se observa de alguns anos, como 2019 para cá, um forte aumento no preço das commodities e inclusive as commodities agrícolas, essas altas e influências na inflação ocorrem derivado de diversos fatores que vão se somando, por exemplo, por dificuldades no frete, aumento do preço de combustíveis, aumento do preço de energia etc. Isso acaba elevando os custos de produção e aumentando o preço, no caso o produtor é apenas um agente que repassa esses custos no preço final do produto.

Assim, muitas pessoas podem imaginar que os produtores estão se enriquecendo cada vez mais com essas crises recentes e enxergar com um mal olhar o agronegócio. Porém, na realidade, esses diversos fenômenos só encareceram os custos de produção que foram repassados no preço e ainda podem reduzir a demanda do consumidor por produtos de maior valor agregado.

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