O Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) atualizou a estimativa de produção de milho para safra 2021/2022. De acordo com o levantamento, publicado nesta semana, a produção deverá atingir 39,5 milhões de toneladas, 21% superior à safra 2020/2021.
A alta é puxada principalmente pelo incremento de 6% na área cultivada, que deverá atingir 6 milhões de hectares em Mato Grosso. A produtividade esperada é de 106 sacas por hectare, 14% acima das atuais 92 sacas por hectare colhida, em média, no estado.
Os números não surpreendem. Conforme a Neo Agro Consultoria vem mostrando ao longo do ano, os incrementos de produção são esperados sempre que uma commodity sofre uma valorização considerável. O milho, que amargou relevante perda de produção e de produtividade nesta safra e ainda contou com a demanda mundial aquecida, bateu sucessivos recordes de preço ao longo do ano.
De acordo com o Indicador Cepea/ESALQ BM&F Bovespa, o grão atingiu os maiores valores históricos nos meses de maio e agosto deste ano. Conforme ilustra o gráfico abaixo, os valores reais do grão, já descontado o impacto da inflação, quase dobraram entre 2018 e 2021.
Custos – De acordo com o Imea, o custo de aquisição de fertilizantes pelos produtores de milho em 2021/2022 será 35% maior do que na safra anterior. Outro insumo que ficou mais caro foram as sementes, com alta de 17%, no mesmo comparativo.
Para a safra 2021/2022, os dados do IMEA apontam um aumento de 22% no custo total, chegando a R$ 4.125 por hectare. Ao considerar o custo operacional, sem custo de oportunidade, sem pró-labore e sem arrendamento, já que muitos produtores fazem em área própria, a safra 21/22 registra um custo por hectare de R$ 2.907, 19% acima do observado em 20/21.
Considerando a alta dos custos, a produtividade e as cotações atuais do mercado do milho, a expectativa é que o produtor precise vender 54 sacas por hectare para pagar o custo total.
Este valor é quase a metade do observado na safra 19/20, quando o produtor precisava vender 109 sacas para pagar o custo. Naquela safra, muitos produtores não conseguiram atingir tal produtividade, tendo prejuízos.
O que esperar – Assim como o aumento de produção é uma perspectiva, a oferta também de ser maior e, consequentemente os preços podem ser reajustados. Isso já pode ser percebido no gráfico acima, com a colheita da segunda safra, valores praticados se acomodaram, mesmo que em um patamar elevado.
Claro que uma série de fatores devem interferir no cenário de 2022, como estoques mundiais, fatores climáticos e demanda de mercado.
Por isso, a Neo Agro Consultoria destaca a importância de colocar os custos na ponta do lápis, acompanhar as movimentações do mercado e, quando possível, lançar mão de ferramentas que assegurem pelo menos parte dos custos produtivos. Em Mato Grosso, 30% da próxima safra já está comercializa. Neste mesmo período de 2020, 50% da safra 2020/2021 estava comprometida, de acordo com o Imea.
Deve-se destacar que a Conab estima um aumento de 30% na produção do milho. Todas essas simulações são com os preços atuais. Se registrado tal aumento da produção no Brasil, e a produção mundial seguir pelo menos estável, a tendência pode ser de queda nos preços. Sendo então necessárias mais sacas por hectare para pagar o custo.