Relações de troca do boi gordo devem despertar sinal de alerta para produtor, analisa consultor

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As altas significativas nos valores do milho, um insumo fundamental para a intensificação sustentável dos bovinos de corte e também de leite, e a crescente valorização do bezerro vem prejudicando o poder de compra dos pecuaristas. Conforme os dados do Cepea, no fechamento do mês de maio/21, a venda de uma arroba de boi gordo permite a compra de 3,08 sacas por arroba, sinalizando o menor poder de compra do pecuarista em 2021, 11% a menos do que o observado em janeiro e 23% inferior em relação a maio do ano passado, quando a arroba do boi gordo comprava 4,01 sacas.

Com relação ao bezerro, em maio, a venda de um boi gordo de 18 arrobas viabiliza a compra de 1,79 bezerro, menor índice desde 2000. Há um ano, esta relação era de 1 animal terminado para 1,99 a produzir. Se comparar com maio de 2019, a redução do poder de compra fica mais evidente, com queda de 15% relativo aos 2,13 bezerros adquiridos com a venda de um boi.

Voltando ao milho, em 2007, uma arroba comprava apenas 2,14 sacas de milho. Outros anos difíceis foram 2012, quando os preços de venda dos animais mantiveram-se praticamente estáveis, e também 2016, este último quando houve uma quebra de safra de mais de 30% da produção do cereal.

De acordo com Luciano Vacari, diretor da Neo Agro Consultoria, a diferença de 2007 para 2021 está na relação entre custo e renda. “Em 2007, o boi estava desvalorizado e o produtor não tinha receita suficiente para adquirir os insumos. Agora, apesar do boi estar valorizado, o custo de produção subiu ao ponto de comprometer a renda do produtor”, afirma Vacari.

Com a venda de uma arroba, em maio de 2015, o pecuarista podia adquirir 5,85 sacas de milho, quase o dobro do observado atualmente. A média histórica é de 3,72 sacas por arroba. Já o preço médio do bezerro, de 2000 a maio de 2021, é R$ 1.595,03, valor 80% a média de maio/21, de R$ 2.885,51.

Segundo Vacari, informações como essas são essenciais para que o produtor faça as contas sobre qual modelo produtivo adotar, mensurando custos e receitas prováveis. “Muitos produtores estão com receio de semi-confinar ou confinar, o que é totalmente plausível já que o milho representa aproximadamente 20% do custo de produção da terminação intensiva. Isso sem falar na reposição, que está cada vez mais onerosa”.

Luciano Vacari explica que, antes de descartar um sistema alternativo de engorda, é preciso avaliar o custo do boi magro ficar no pasto e ainda perder peso e a importância do terminador colocar na balança também as perspectivas de demanda aquecida para o segundo semestre e o fato de muitos outros produtores, inclusive vizinhos, também desanimarem de terminar os animais ainda em 2021. “O mercado é composto de muitas variantes e cada propriedade tem suas particularidades, como oferta de gado na região, custo de produção local e até a quantidade de frigoríficos influencia na decisão. Planejamento é essencial”.

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