Fertilizantes dobram de preço em um ano

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Preços dos principais fertilizantes utilizados na agricultura e na pecuária brasileira praticamente dobraram de preço no último ano. Levantamento realizado pela Neo Agro Consultoria, com base nos dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), aponta que de janeiro a julho deste ano houve uma alta de 63% para a Uréia, 70% para o Fosfato Monoamônio (MAP) e 82% para o Cloreto de Potássio. Para o formulado 20-00-20, fertilizando pronto para adubação de cobertura, a valorização foi de 55%. Comparando com julho de 2020, as altas foram de 84%, 104%, 88% e 74%, respectivamente.

Para ter uma análise sem a influência da inflação, a Neo Agro deflacionou a série histórica pelo IGP-DI de julho de 2021. Os resultados apontam que os preços da Uréia, MAP e Cloreto de Potássio estão nos valores mais altos já registrados desde 2009. Já o 20-00-20 está muito próximo dos valores de 2014, que foram mais altos.

O diretor da Neo Agro Consultoria, Luciano Vacari, destaca que, desde o final de 2020 os preços têm subido de maneira acelerada, com mais impulso ainda neste ano de 2021. “Se observar os dados no gráfico (Figura 1), é possível identificar a relação entre a taxa de câmbio e os preços dos fertilizantes. As matérias-primas são, em sua maior parte importadas, com isso há uma altíssima relação entre os preços e a taxa de câmbio. Por isso, inclusive, que quem trabalha com o mercado de fertilizantes costuma já trabalhar com preço em dólar”, destaca Vacari.

Figura 1 – Gráfico elaborado pela Neo Agro com base nos dados da Conab

De acordo com Vacari, ao analisar os valores da série deflacionada (Figura 2), é possível identificar que outros fatores, como época da compra dos insumos, podem justificar o fato do preço não ser o recorde real, sinalizando inclusive que os próximos relatórios da Conab podem vir com preços mais elevados. 

Figura 2 – Gráfico elaborado pela Neo Agro com base nos dados da Conab.

A elevada dependência do Brasil na importação dos insumos é um dos principais motivos para a alta nos preços dos fertilizantes. “Estima-se que mais de 70% dos fertilizantes sejam importados. Então, como já analisado, o dólar e a desvalorização do real encarecem o produto”.

Além disso, os preços também seguem em patamares recordes no mercado internacional, cotados em dólares. “A demanda é crescente em todo o mundo. Os preços das commodities voltaram a subir e, consequentemente, produtores do Brasil e do mundo buscam investir na sua produção, especialmente para aumentar a produtividade”, destaca Vacari.

De acordo com o levantamento da Neo Agro Consultoria, aliada à crescente demanda, há uma restrição de oferta. No caso do cloreto de potássio, o qual o Brasil importa mais de 90%, há sérias questões políticas entre Europa e a Bielorrússia, esta que é o segundo maior produtor do mundo do insumo.  Além da União Europeia, Estados Unidos e o Canadá também anunciaram sanções à Bielorrussia.

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