O impacto do dólar no agronegócio: cuidados e vantagens da valorização da moeda

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Em 2020, a cotação da moeda norte-americana foi marcada por altos patamares. No mês de maio, o dólar registrou recorde nominal e chegou a custar R$ 5,94, sendo maior valor desde o plano real, em razão das incertezas econômicas causadas pela covid-19. Já em 2021, de janeiro a maio teve forte volatilidade, com cotação mínima de R$ 5,16 e máximo de R$ 5,84. Apenas entre abril e maio, houve retração de 4,8%, afetada pela divulgação dos dados sobre a inflação nos Estados Unidos, que ficou acima do esperado.

Diante desse cenário, a desvalorização do real tem impulsionado as exportações. Em Mato Grosso, as vendas internacionais somaram U$S 2.21 bilhões em abril/21, conforme dados da Secex, puxado, principalmente pelos envios de sementes e carne bovina mato-grossense para o principal player mundial, a China.

Mesmo com a queda, a taxa de câmbio ainda continua favorável e traz benefícios, sobretudo a curto prazo, para as commodities, como milho, algodão, soja, carne, café, laranja, entre outros.

No entanto, uma grande parte dos insumos são adquiridos em dólar, como por exemplos os fertilizantes, defensivos agrícolas, insumos para suplementação dos animais e o petróleo, o que pode acarretar desfavorecimento dos custos no curto, médio e longo prazo.

Além disso, tem-se notado retração na oferta de insumos decorrentes na pandemia, como no caso de máquinas e equipamentos mesmo produzidos no Brasil.  De janeiro a abril/21, as linhas de crédito de investimentos para aquisição de máquinas agrícolas reduziram 98.7%, quando comparada ao mesmo período de 2020, o programa Moderfrota passou de R$ 2.88 milhões para R$ 37.6 mil em Mato Grosso. Ainda, com a demanda externa aquecida e os entraves climáticos, os principais produtos, como o milho e soja assumiram patamares recordistas, na última semana em MT, as sacas passaram a custar R$ 76,42 e R$ 159,44, respectivamente.

Os reflexos do mercado interno e externo provocam incertezas, principalmente quando ligamos a variação do dólar. As medidas que o produtor pode adotar estão atreladas à renegociação de valores com os fornecedores, rever os custos operacionais e sobretudo engajar nas questões econômicas, como mercado futuro, ferramenta importante para diminuição de riscos da movimentação de oferta e demanda.

Segundo relatório Focus, as perspectivas para a moeda norte-americana ainda de real desvalorizado. Em 2022, a cotação da moeda frente ao real passou a valer R$ 5,35, comparativamente hoje está a R$5,31. No que tange 2021, a visão para dólar para final de ano marcou R$ 5.38, conforme a B3. De certa forma, esse número mantém os preços dos produtos brasileiros muito competitivos e projeta um cenário futuro de estabilidade, permitindo certa gestão em relação ao risco da produção. O perigo para o produto é a volatilidade.

Em síntese, o real desvalorizado tem dois efeitos para a produção agropecuária. Normalmente, impulsiona as exportações, já que os produtos brasileiros ficam mais baratos e competitivos no mercado internacional. Por outro lado, pelo mesmo motivo, encarece os insumos utilizados na produção.  É por isso que o produtor rural tem que ficar muito atento. Não basta ele olhar para as vendas do seu produto. Em situação de volatilidade, a alta dos custos pode comprometer totalmente a sua rentabilidade.

Confira os gráficos. Arquivo completo disponível abaixo.

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