A pecuária brasileira já não é mais a mesma e isso é muito bom. Bom para quem produz, para quem consome e bom para quem investe. Nos últimos anos, a produção da proteína vermelha evoluiu com a adoção de tecnologias e protocolos que viabilizaram dobrar o desempenho sem precisar aumentar o uso de recursos naturais como área de pastagem. É mais renda no campo, empregos na cidade e comida no prato.
A modernização da pecuária de corte começa no século XIX, quando passamos a importar pastagem e animais geneticamente mais adaptados ao nosso clima. E esse processo não parou. O pasto, por exemplo, além de variedades mais adaptadas, também passou a ser manejado, recuperado e reformado. A vida útil da área aumenta substancialmente ao mesmo tempo em que os animais têm acesso a uma fonte nutricional mais rica. Resultado: queda na abertura de novas áreas e animais terminados mais rapidamente.
Ainda falando em nutrição, a suplementação mineral, como o tradicional sal, até a complementação com grãos contribuem para melhorar o desempenho do rebanho e acelerar o processo de engorda. Os investimentos utilizados para adquirir os suplementos são recompensados com a economia de tempo. O Brasil é campeão na produção de gado a pasto, mas nem por isso abre mão das ferramentas para elevar a produtividade.
Mas o aumento de 89% na produção de carne vermelha não decorre somente da suplementação, é um conjunto de fatores que vem proporcionando a evolução dentro da porteira. A seleção genética, a utilização de técnicas como inseminação artificial e a sincronização do cruzamento industrial garantem a padronização da produção, uma demanda antiga do mercado. Sem falar, novamente, do melhor desenvolvimento dos animais.
Para se ter uma ideia, há dez anos, metade dos animais abatidos tinha mais do que 36 meses, atualmente essa participação caiu para 30%. Mais um resultado dos investimentos feitos dentro porteira e que chega para todos, mesmo para quem não come carne. Sabe como? Com redução da emissão de gases de efeito estufa pela pecuária e até mesmo a neutralização das emissões dentro da propriedade. O rebanho bovino está emitindo 10% a menos de gases de efeito estufa por animal, mesmo com o aumento produtivo.
Atualmente, os dois maiores desafios mundiais são segurança alimentar e mudança do clima e eles andam juntos. O setor agropecuário tem um papel chave em relação aos dois e todos os elos da cadeia têm assumido seu compromisso. A agroindústria, por exemplo, tem sido um grande acelerador ao apresentar suas metas e compromissos. O Estado, por meio de políticas públicas de incentivo à intensificação sustentável, como o Plano ABC e ABC+, incentiva. Mas, o produtor rural é o protagonista. É ele quem toma a decisão de adotar ou não as tecnologias.
Dar luz aos problemas é essencial para provocar mudanças, mas reconhecer os avanços é indispensável. E isso tem que vir na comunicação, na certificação e no pagamento pelos investimentos feitos. Afinal, estamos mais eficientes, produtivos e sustentáveis, como o mundo precisa.