A simplicidade da roça

por Luciano Vacari

por Luciano Vacari

Compartilhar no facebook
Compartilhar no twitter
Compartilhar no linkedin

Vivemos um tempo em que a idolatria personalizada está adoecendo a sociedade. A necessidade de encontrar um representante perfeito nos impede, muitas vezes, de valorizar o coletivo, a origem e aquilo que realmente importa e reflete nossa essência. Quer exemplo maior do que desvalorização do campo, das pessoas que vivem nas roças, dos produtores rurais?

É muito cômodo culpar o agronegócio pelas crises ambientais, pelo desmatamento ou por qualquer outra mazela mundial, sem olhar o processo como um todo. O campo trabalha para atender as necessidades que surgem nas cidades, a demanda por produtos em larga escala não vem das fazendas ou dos pequenos municípios, mas dos grandes centros urbanos, onde a demanda por comida, fibras e energia é crescente e não há espaço nem meios para produção.

Além disso, de acordo com publicação recente da FAO, “a pandemia, a interrupção das cadeias de suprimentos internacionais e a guerra na Ucrânia interromperam severamente os mercados interconectados de alimentos, combustíveis e fertilizantes”. Com isso, segundo o levantamento, em junho de 2022, o número de pessoas que sofrem de insegurança alimentar severa era de 345 milhões em 82 países.

E não é só de fome que estamos falando, porque infelizmente quando isso não atinge a pessoa, parece que deixa de existir e muitos não conseguem ver a importância que a agropecuária tem na produção de alimentos. Mas também é da roça que vem o algodão que veste as pessoas, o insumo para fabricar a cerveja, a matéria-prima para produzir o etanol, os óleos vegetais para produzir um cosmético.

A diversidade de produtos que tem sua origem no campo, seja na agricultura, na pecuária ou nas florestas, é infinita e não pode ser ignorada. Quando uma escola ensina que a agricultura está destruindo o meio ambiente, é preciso justamente explicar que existem formas de produzir sustentavelmente, conservando a biodiversidade e gerando emprego e renda. Mais do que isso, é preciso destacar que a grande parte dos produtores rurais trabalha em acordo com a legislação ambiental.

O ilegal, o destruidor do meio ambiente não pode ser o representante de quem produz, de quem investe em sistemas alimentares eficientes e em tecnologias inteligentes para produzir cada vez mais, em menos áreas. E o Brasil é o maior exemplo disso. Nos últimos dez anos, a produção de grãos aumentou 60%, passando de 162 milhões de toneladas na safra 2010/2011 para 260 milhões de toneladas na safra 2020/2021.
Paralelamente, a ocupação de área pelas lavouras cresceu somente 21%. Este fenômeno acontece porque a produção aumentou 500 quilos por hectares (kg/ha) neste período, passando de 3.266 quilos por hectare para 3.790 kg/ha.

Esta semana recebi de dois amigos sua nova música de trabalho, “É da roça que sai”, que busca justamente aproximar o campo e a cidade, mostrar de onde vem o alimento, a energia e a roupa que vestimos. Para aqueles que podem, a picanha do churrasco, o arroz e o feijão, o malte da cerveja ou o etanol do veículo. Enfim, tudo tem origem lá na roça, onde todo mundo tem um parente, para onde muitos querem voltar e onde, inacreditavelmente, muitos tentam se distanciar. Parabéns Jadson e Jadson, é a simplicidade da roça.
Liga o som!

Luciano Vacari é gestor de agronegócios e diretor da Neo Agro Consultoria & Comunicação

Veja mais artigos de opinião​

Onde está a lógica?

Os jardins externos da Casa Branca, sede do governo norte americano, foi palco no último dia 02 de mais um capítulo da saga “como destruir as relações comerciais do mundo”, escrita, dirigida e interpretada pelo

29 de maio de 2025

Daqui a exatos 2 meses o Brasil receberá o status de área livre de aftosa sem vacinação. Será certamente um daqueles dias de se marcar na folhinha e colocar o terno novo, afinal chegou finalmente

A terra do sol nascente

Nos próximos dias uma comitiva de autoridades e empresários brasileiros vão encarar uma longa viagem até a terra do sol nascente com o objetivo de aumentar as relações comerciais entre os países. Chefiada pelo Presidente