Com perspectiva de quebra de safra no Sul, saca de soja registra o maior valor dos últimos doze meses.

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O Brasil é uma referência mundial quando o assunto é agronegócio. É líder na produção e exportação de diversas culturas, entre elas a soja. A produção dessa oleaginosa ocorre em diversos estados brasileiros, com grande relevância para a região do Centro-Sul, que produz 85% do total (Figura 1).

Figura 1: Distribuição da produção de soja no Brasil – perspectiva para a safra 2021/2022.
Fonte: Elaborado pela NeoAgro, com base nos dados da CONAB.

Mato Grosso é o principal estado produtor do grão, com quase 30% da produção total. Na sequência, inclusive acima dos valores observados em Goiás e Mato Grosso do Sul, os estados mais relevantes são o Rio Grande do Sul, com 15% da produção total, e o Paraná, com 13%. Deve-se destacar que, há muitos anos, o Centro-Oeste é a região mais relevante na produção total, seguida pelo Sul.

Até o momento, a perspectiva divulgada pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) em 11 de janeiro apresenta uma redução de 1,7% no volume colhido. Mesmo assim, o volume seria um novo recorde para o Brasil e 2,3% acima do observado na safra anterior.

Porém, o mercado aguarda ansioso por novas estimativas, já que a situação climática tem resultado em perdas significativas para o Sul do País. Para começarmos a observar esse problema, vamos olhar para as Figuras 4 e 5, e notar a diferença nos índices pluviométricos na região Sul do país, principalmente nos estados do Rio Grande do Sul e Paraná.

Os dados do INMET (Instituto Nacional de Metereologia), dos últimos 90 dias, demonstram a seca severa pela qual passa a região Sul do Brasil. Índices extremamente baixos de precipitação acumulada.

Figura 2: Precipitação acumalada nos últimos 90 dias
Fonte: INMET

A estiagem e o baixo nível de chuvas, atinge principalmente o Rio Grande do Sul e o Paraná. Representando quase 30% da produção nacional, mercado já começa a dar sinais de preocupação com o impacto da seca nessa região.

Ainda que a Conab não tenha atualizado a expectativa de produção, outros órgãos têm divulgado perspectivas de quebra de safra. A Secretaria de Agricultura do Paraná, estima uma perda de 37,8% na produção estadual.  Já a FecoAgro, do Rio Grande do Sul, estima 24% de quebra da produção gaúcha. Supondo uma quebra de safra de 30% nesses dois estados, haveria uma redução da produção nacional de 7,5%, quase cinco pontos percentuais acima do apresentado no início de janeiro pela Conab. A instituição deve divulgar em breve novo levantamento.

Num ano de volatilidade cambial, demanda internacional aquecida, é necessário que o produtor, principalmente aquele que compra o farelo de soja, esteja muito atento ao mercado.

Conforme ilustrado na Figura 3, o mercado já sinaliza as expectativas de redução da produção, com grande volatilidade de preços nos últimos 30 dias, chegando a uma amplitude de mais de 10 reais para a saca de 60 kg (INDICADOR DA SOJA ESALQ/BM&FBOVESPA – PARANAGUÁ).

Figura 3: Preços últimos 30 dias Soja – CEPEA/Paranaguá
Fonte: Elaborado pela NeoAgro com base nos dados do Cepea

Ainda assim, conforme ilustra a Figura 4, o patamar de preços, em valores reais, da soja, já deflacionados pelo IG-DI, estão acima da maior parte dos meses da série histórica do Cepea, iniciada em 97. Em valores reais, em janeiro de 2006, por exemplo, a saca de soja valia o equivalente a 93 reais. Metade da cotação atual. O preço médio, de 1997 a 2022, é de 124 reais a saca, 30% a menos do que os patamares observados recentemente.

Figura 4: Preço Mensal Soja/CEPEA – Fonte: Elaborado pela Neo Agro Consultoria com base nos dados do CEPEA

Além da pressão inflacionária nos preços dos alimentos, essa volatilidade e tendência altista nos preços da soja devem impactar os preços da ração animal. Consequentemente, a produção de suínos e aves deve ser a que mais sentirá os impactos de preços.

Já a produção de carne bovina, pelo menos no primeiro semestre, tem a alternativa de investir no manejo das pastagens. Podendo sentir com mais intensidade os preços no segundo semestre, quando se concentra a maior parte dos animais confinados e semi-confinados.

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